segunda-feira, 28 de março de 2011

Amando a si mesma



Pensando no livro do T.D. Jakes, sobre a Dama, Seu amado e seu Senhor, percebi que muitas vezes nós mulheres tendemos a abraçar a causa de outro como nossa, deixando de lado nossas próprias causas, e por isso, perdemos a automotivação, e o próprio interesse por nós mesmas.

Jakes nos diz que treinamos os outros como devem nos tratar. Pois bem, quando perdemos a nossa própria causa, quando vivemos para cobrir as necessidades de outros, nos tornamos desinteressantes, perdemos o nosso interesse por nós mesmas, e com isso, treinamos outros a nos tratar da mesma maneira – sem interesse algum.

Confundimos amor próprio com egocentrismo, e entendemos que não nos é permitido cuidar de nós mesmas com zelo e carinho, pois isso nos classifica como o tipo de mulher fútil, egoísta e soberba, que se considera acima dos outros. Achamos que ao deixar de cuidar de nós, e sacrificar o tempo e disposição para cuidar apenas de outras pessoas e de suas causas, nos tornamos mulheres melhores, virtuosas, verdadeiras Amélias – sem nenhuma vaidade, mas que é a mulher de verdade. Mas eu imagino que a Amélia do samba de Ataulfo Alves e Mario Lago era uma mulher maltratada, pouco valorizada, que talvez sentisse que tinha tão pouco valor que sua única função era ignorar a si mesma, e se sacrificar para que os outros a seu redor se sentissem melhor. Não creio que pudesse ser uma inspiração de mulher satisfeita, nutrida e feliz, que faz com que o homem ao seu lado olhasse para ela e percebesse claramente seu valor, nunca a abandonando. Na própria música vemos que o homem que canta tinha abandonado Amélia, se relacionado com outra, que não lhe deu as mesmas condições de Amélia, e por isso ele estava arrependido.

Definitivamente Amélia não era a mulher de verdade.

Por outro lado, não creio que a mulher que vive em função de causa própria, em função de sentir-se bem, bonita e valorizada, mas que deixa de cuidar de outros ao seu redor, que não valoriza as pessoas, e está sempre muito mais preocupada consigo mesma do que com os outros, seja a mulher de verdade.

Precisamos encontrar o equilíbrio das duas. A mulher de verdade tem que ser aquela que é satisfeita consigo mesma, que não abraça causas de outros simplesmente por não ter uma própria, que se olha e se aprecia, que entrega a si mesma o melhor que tem, que cuida de si com zelo e amor, que afasta os mal intencionados, que é rejeitada por aproveitadores, que por onde passa deixa o aroma suave de sua feminilidade e força. É a mulher que não pode ser corrompida pelo ambiente, é a mulher cujo a essência já existe, que não precisa de nada ao seu redor que lhe dê valor, que os papéis que desempenha sejam apenas papéis e não sua essência, porque a sua essência está muito bem guardada no seu íntimo, e essa nunca se corrompe. É mulher que, ao mesmo tempo, aproveita tudo ao seu redor para crescer e amadurecer, consegue distinguir e aproveitar o que bom de cada situação.

Com isso, ela ensina a outros como deve ser tratada e apreciada, e por consequencia, e não intencionalmente, atrai muitos para si.

Pai, me ensina a ser essa mulher virtuosa.

Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.
O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo.
Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.
Como o navio mercante, ela traz de longe o seu pão.
Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das servas.
Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.
Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços.
Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.
Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca.
Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.
Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de escarlata.
Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.
Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra.
Faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores.
A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro.
Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.
Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça.
Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.
Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!
Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada.
Dai-lhe do fruto das suas mãos, e deixe o seu próprio trabalho louvá-la nas portas.